A plataforma de gelo Larsen-C na Península Antártica, que se tem vindo a mostrar instável ao longo dos últimos meses, finalmente cedeu.
O desprendimento do bloco de gelo reduziu o tamanho da plataforma Larsen-C em cerca de 12%, tendo desta forma alterado de forma drástica a forma do continente de gelo. O novo icebergue, com cerca de 1 155 km3, é considerado agora um dos maiores já registados e deverá ganhar o nome de A68. É equivalente à água necessária para encher 462 milhões de piscinas olímpicas.
No passado sábado, a NASA e a Universidade da Califórnia haviam informado que o bloco de gelo estava em vias de se desprender, uma vez que se encontrava unido apenas por cinco quilómetros, com a separação a verificar-se já ao longo de 200 km.
Adrian Luckman, investigador da Universidade de Swansea, no País de Gales, responsável pela monitorização da evolução da fenda na Larsen-C, admitiu ser difícil prever a progressão do icebergue no mar, podendo este manter-se como um bloco ou então, a hipótese mais provável, que se quebre em fragmentos. Explica ainda que algum do gelo do icebergue pode permanecer durante décadas naquela zona, enquanto outras partes podem divergir para norte para águas mais quentes.
O desprendimento foi revelado através dos dados do espectrómetro de resolução moderada (MODIS) da NASA, no satélite Aqua. Este foi posteriormente conformado pelo instrumento VIRIS (medidor de radiação infravermelha visível) da órbita polar da NASA, que captura imagens visíveis e infravermelhos.
Sendo inverno na Antártica, as observações visuais diretas são difíceis de obter, pelo que os investigadores do projeto em causa utilizam um instrumento de interferometria de radar de abertura sintética (inSAR), a bordo dos satélites Sentinel-1 da ESA para descobrir e monitorizar eventos como estes.
A constelação dos dois satélites Sentinel-1 é indispensável para descobrir e monitorizar eventos como estes, porque continua a fornecer imagens de radar mesmo quando a Antártica está envolta na escuridão durante vários meses no ano.
Esta é a terceira plataforma de gelo na península ocidental da Antártica a sofrer uma enorme perda de gelo em pouco mais de duas décadas. As plataformas de gelo vizinhas, Larsen-A e Larsen-B, sofreram um processo semelhante quando se desagregaram em 1995 e 2002, respetivamente.
As plataformas de gelo correspondem a porções da Antártica em que a camada de gelo está sobre o oceano e não sobre o solo. Desta forma, não se prevê que a sua desagregação afete o nível do mar, podendo no entanto acelerar a desestabilização da Larsen-C e afetar a navegação.