O Serviço Nacional de Geologia e Minas (SERNAGEOMIN) elevou o nível de alerta de um dos vulcões mais ativos do Chile, o Nevados de Chillán (província de Ñuble), para laranja. Tal deveu-se ao facto de terem sido avistados vapores brancos ao nível do topo do vulcão e de se ter registado atividade sísmica.
Localizado a cerca de 550 km a sul de Santiago, e situado nos Andes Chilenos, na região de Bío Bío, o complexo vulcânico Nevados de Chillán é formado por 17 crateras e está rodeado por densa vegetação e rede hidrográfica.
Desde de 2015 que o nível de alerta tem-se mantido no amarelo, o segundo mais baixo numa escala de quatro, mas a partir de dezembro de 2017, a ocorrência de vários episódios eruptivos com emissão de cinzas, fez elevar o nível de alerta para laranja. Na passada sexta-feira, dia 6 de abril, várias equipas de polícia reportaram a emissão de um "fumo" branco ao nível de uma das crateras.
Num comunicado emitido a 5 de abril, e referente ao período de 16 a 31 de março, o SERNAGEOMIN informou que a rede de monitorização vulcânica que opera, composta por 10 estações sísmica, detetou cerca de 3874 sismos de origem vulcânica, relacionados com a dinâmica de fluidos no interior do edifício vulcânico, e cerca de 765 explosões, associadas principalmente com gases magmáticos e/ou com registo de sinais acústicos captados por microfones instalados nos flancos do vulcão. As câmaras instaladas em torno do vulcão mostraram emissões de gases até cerca de 2000 metros acima da cratera, associadas às explosões que ocorreram nas crateras atualmente ativas. Um voo efetuado sobre o vulcão, no dia 3 de abril, possibilitou observar melhor o domo Gil-Cruz, instalado na cratera ativa, e foi possível verificar a ocorrência de pulsos energéticos de cor branca e cinzenta, compostos fundamentalmente por vapor de água e alguns piroclastos ao nível de uma fissura central alongada segundo a direção NW-SE, e uma ligeira, mas constante, desgaseificação em alguns setores junto à base do domo. O domo aumentou o seu volume relativamente ao observado a 11 de março de 2018, medindo-se uma temperatura de 670ºC na sua superfície. Relativamente a outras redes de monitorização, os dados geodésicos não mostram deformação do edifício vulcânico, e a rede de monitorização geoquímica mostra que os níveis de dióxido de enxofre (SO2) mantêm-se em níveis baixos,informação esta coerente com a presença de um magma desgaseificado.
O presidente de Bío Bío, Jorge Ulloa, informou que se a situação continuar a evoluir, será necessário alertar a população.
Entretano, o SERNAGEOMIN continua a acompanhar a situação a partir do observatório em Temuco, traçando alguns cenários possíveis:
- ocorrência de explosões esporádicas associadas a colunas eruptivas baixas (inferiores a 5 km de altura) e compostas essencialmente por gases e algum material piroclástico, e projeção de piroclastos de trajetória balística até um raio de 3-4 km em torno da cratera ativa;
- destruição parcial do domo por colapso gravitacional e formação de escoadas piroclásticas a NE da cratera ativa (podendo progredir pelos rios Las Minas e Gato, que desaguam no rio Ñuble);
- destruição do domo por descompressão e formação de coluna eruptiva atingindo alturas superiores a 10 km, com possibilidade de se formarem escoadas piroclásticas por colapso da mesma;
- estabilização do domo lávico e término da primeira fase de crescimento, sendo possível que uma re-injeção magmática possa alterar ou destruir o domo atual ao longo de meses ou anos.