No decurso da erupção vulcânica
que se iniciou a 2 de Abril na ilha do Fogo, em Cabo Verde, diversas pessoas
necessitaram de assistência médica em virtude de apresentarem sintomas
passíveis de serem atribuídos à inalação de gases tóxicos.
No sentido de se avaliar o risco
associado à emanação de gases vulcânicos no interior da caldeira, no mês de
Maio procedeu-se à amostragem de fumarolas e do ar atmosférico nas proximidades
do cone de escórias activo e ao estudo da desgaseificação de CO2 e Rn através
dos solos.
Os resultados analíticos obtidos
revelaram que a desgaseificação era bastante reduzida nas zonas adjacentes ao
centro eruptivo. Na verdade, as fumarolas existentes nas crateras onde se
registaram as explosões a 3 e a 4 de Abril encontravam-se praticamente
extintas, apresentando-se as amostras aí recolhidas fortemente diluídas com ar
atmosférico. O único componente de profundidade aí identificado foi o CO2 (48
moles %). Na amostragem efectuada a nível dos solos nunca foram obtidas
concentrações em CO2 superiores a 2 moles % e os valores obtidos para o Rn
foram igualmente reduzidos. As amostras de ar atmosférico revelaram que a
concentração em CO2 podia, sob determinadas condições atmosféricas, ser da
ordem de 2 moles %.
Em termos de saúde pública os
valores obtidos para o CO2 no ar atmosférico encontram-se um pouco acima dos
limites de segurança admitidos (0,5 moles %). Não obstante, os casos de
indisposição reportados foram essencialmente atribuídos à presença de aerossóis
ácidos e partículas de sais vulcânicos condensados no ar atmosférico e
provenientes da coluna eruptiva, os quais podem ter sido responsáveis pelas
situações que envolveram problemas de irritabilidade nos olhos e dificuldades
na respiração.
As ocorrências de maior gravidade
verificaram-se sempre que a direcção e a intensidade dos ventos não permitia o
desenvolvimento de colunas verticais de cinzas e gases a partir das crateras do
centro eruptivo. Tal facto favorecia a génese de nuvens descendentes que se
propagavam junto ao solo e atingiam os limites da caldeira, a cerca de 3 km de
distância, em escassos minutos.