No passado dia 27 de Novembro, a actividade vulcânica do Vulcão do Fogo voltou a intensificar-se, formando novamente um ramo de escoada lávica que progrediu para sul em direcção a Cova Tina. A escoada lávica que atingiu a localidade de Portela abrandou, estando agora a menos de 10 metros do Hotel Pedra Brabo e a 60 metros da Escola Básica Integrada.
Segundo a geóloga da Universidade de Cabo Verde, Sónia Silva, na tarde do dia 27 a actividade que inicialmente se distribuía ao longo de uma fissura centrou-se num único foco, facto interpretado como uma tentativa de edificação de um cone de escórias.
Em declarações prestadas à Rádiotelevisão Caboverdiana, o Primeiro Ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, classificou de catástrofe a situação que está a afectar a ilha do Fogo. Embora a escoada lávica tenha abrandado, o Primeiro Ministro refere que Portela não está livre de perigo e teme a destruição total de Chã das Caldeiras. Os estragos são já enormes, com destruição de cerca de 15 habitações, 14 cisternas, 15 currais, duas casas de apoio à agricultura e vastas áreas de terrenos agrícolas.
O Presidente do Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros de Cabo Verde, Arlindo Lima, informou que faltam menos de 100 pessoas para serem evacuadas de Chã das Caldeiras, juntamente com os seus pertences, e que as autoridades estão a trabalhar arduamente para concluírem a evacuação total. Referiu ainda que se encontram três máquinas em Chã das Caldeiras, uma em Cova Tina para proceder à desobstrução da via alternativa aberta, caso volte a ser novamente afectada, e duas na Portela que continuam a abrir uma via alternativa em direcção a Mosteiros.
As localidades de Estância Roque, Mãe Joana e de Cova Figueira, localizadas na vertente sudeste do Vulcão do Fogo, registaram esta sexta-feira pela primeira vez desde o início da erupção, a queda de cinzas. Segundo o professor de geografia da escola secundária de Cova Figueira António Gonçalves, os alunos provenientes dessas localidades chegaram à escola com vestígios de cinzas. A queda de cinzas nestas localidades, algumas situadas nas proximidades do vulcão, deve-se à mudança na direcção do vento para noroeste.
Os investigadores do CVARG/CIVISA, Jeremias Cabral e Vera Alfama, naturais de Cabo Verde, encontram-se na ilha do Fogo para acompanhar a erupção, integrando as equipas da Protecção Civil e da Universidade de Cabo Verde. O CVARG/CIVISA encontra-se a acompanhar o desenvolvimento da actividade eruptiva.