A actividade vulcânica que se iniciou no passado dia 23 de Novembro no Vulcão do Fogo continua intensa, maioritariamente explosiva, embora se continue a verificar o abrandamento das escoadas lávicas.
Dados do Instituto Nacional de Gestão do Território (INGT) mostram que as lavas já cobriram cerca de 400 hectares de solo, 26 dos quais de área agrícola, e 1620 metros de estrada. O ramo de escoada lávica que progrediu para sul em direcção a Cova Tina aumentou de intensidade no dia 27, verificando-se actividade em dois focos eruptivos, enquanto que o ramo que se dirigia para a Portela está estacionário desde aquele dia, estando a menos de 10 metros do Hotel Pedra Brabo e a 60 metros da Escola Básica Integrada.
A equipa da Universidade de Cabo Verde tem na caldeira uma câmara térmica para medir a temperatura da escoada lávica. Os dados mostram que a menos de 1 km da cratera a lava apresenta uma temperatura superior a 1000ºC.
As agências noticiosas informam ainda que o acesso à Chã das Caldeiras vai ser restringido a especialistas na área de Vulcanologia e de Protecção Civil, estando os habitantes de Chã das Caldeiras quase totalmente evacuados.
Os comerciantes da ilha do Fogo já começaram a sentir os impactos negativos da erupção. A escassez dos produtos em Chã das Caldeiras levou ao aumento de preço de alguns produtos, nomeadamente legumes, queijo e vinho.
Durante uma reunião com os representantes da Organização das Nações Unidas (ONU), da União Europeia e agências de cooperação, o Presidente do Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros de Cabo Verde, Arlindo Lima, sublinhou o impacto da erupção, havendo 1000 desalojados, casas e terrenos destruídos, localidades isoladas e falta de energia. O mesmo referiu que é preciso garantir as necessidades básicas às vítimas, tais como alimentação e assistência médica, bem como apoio psicológico e reintegração das crianças e adolescentes nas escolas. Referiu ainda outras necessidades, como ambulâncias artigos de primeiros socorros, máscaras, reservatórios de água, colchões, mantas, lençóis, casas de banho móveis, entre outras.
A fragata portuguesa partiu ontem, dia 28, e deverá chegar na próxima segunda-feira ou terça-feira. Os 201 tripulantes vão prestar assistência médico-sanitária e apoio logístico aos afectados. A fragata vai equipada com um helicóptero e uma dezena de embarcações para apoio no transporte de pessoal e material para o terreno. Leva ainda alimentos e água, mais de 1000 máscaras e mais de 1000 cobertores, além de outros materiais de apoio humanitário. A missão está planeada para uma duração de 15 dias, mas poderá ser prolongada, caso haja necessidade.
Os investigadores do CVARG/CIVISA, Jeremias Cabral e Vera Alfama, naturais de Cabo Verde, encontram-se na ilha do Fogo para acompanhar a erupção, integrando as equipas da Protecção Civil e da Universidade de Cabo Verde. O CVARG/CIVISA encontra-se a acompanhar o desenvolvimento da actividade eruptiva.