A actividade vulcânica da ilha do Fogo, iniciada no passado dia 23 de Novembro, continua estável. Segundo o repórter Waldemar Pires da Rádiotelevisão Caboverdiana, ontem, dia 11 de Dezembro, verificou-se um ligeiro aumento de actividade, mas em nada comparada com os incrementos ocorridos nos dias anteriores.
As autoridades cabo-verdianas estão preparadas para o pior cenário, embora nada indicie agravamento ou fim da actividade, onde pelo terceiro dia consecutivo se regista uma acalmia. Em declarações prestadas à agência Lusa, Aleida Monteiro, coordenadora do Gabinete de Comunicação do executivo de Cabo Verde, informou que a actividade vulcânica permanece calma; a lava, que ultrapassou em cerca de 600 metros a localidade de Bangaeira, está praticamente estagnada e a emissão de gases e cinzas tem vindo a diminuir. Este período de acalmia tem permitido continuar a aplicar o plano de emergência, evitando que um eventual agravamento da erupção possa apanhar todos desprevenidos.
O plano de emergência continua centrado nas localidades que se encontram mais próximas da frente da lava, como Fernão Gomes, um casal desabitado do concelho de Mosteiros que serve de apoio a agricultores e pastores, e sobretudo Cutelo Alto e Fonsaco, que se situam na vertente nordeste do Vulcão do Fogo. Aleida Monteiro indicou ainda que as duas povoações, com cerca de 2300 habitantes, estão já devidamente alertadas para o pior cenário, havendo já alguns casos de pessoas que decidiram abandonar as localidades por precaução.
A lava encontra-se praticamente estagnada a cerca de 3,5 km de Fernão Gomes, a meio caminho entre Bangaeira, localidade que, à semelhança de Portela, foi praticamente destruída pelas escoadas lávicas, e Monte Velha. As autoridades temem que, dada à inclinação do terreno a partir de Monte Velha, a lava aumente de velocidade, se a situação se agravar, pondo em risco algumas localidades situadas na vertente nordeste da ilha como Cutelo Alto e Fonsaco.
O acesso a Chã das Caldeiras continua interdito para segurança das pessoas. As autoridades no terreno continuam em alerta, fazendo juntamente com as equipas de especialistas a monitorização contínua da situação.
Até ao momento, a lava destruiu as povoações de Portela e Bangaeira, obrigando à evacuação de cerca de 1500 habitantes, e grande parte da vasta área agrícola de Chã das Caldeiras. A prioridade do Governo cabo-verdiano é agora reinstalar os desalojados e gerar fontes de rendimento para as famílias. Os prejuízos provocados pela erupção vulcânica foram provisoriamente avaliados em cerca de cinco mil milhões de escudos cabo-verdianos (45,3 milhões de euros).
O investigador do CVARG/CIVISA, Jeremias Cabral, natural de Cabo Verde, encontra-se na ilha do Fogo para acompanhar a erupção, integrando a equipa da Protecção Civil. O CVARG/CIVISA encontra-se a acompanhar o desenvolvimento da actividade eruptiva.