Um aumento inesperado da atividade sísmica na ilha Brava, Cabo Verde, levou a que as autoridades tomassem medidas preventivas.
Na madrugada do dia 2 de agosto verificou-se um incremento da atividade sísmica na ilha Brava. Dos vários sismos registados, dois localizaram-se na ilha, entre as localidades de Cova Joana e Benfica, a cerca de 2 km de profundidade, e foram sentidos pela população.
Segundo declarações do Ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, os dados do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica apontam para uma intensificação da atividade sísmica na ilha Brava que, se se mantiver, poderá levar a uma eventual erupção vulcânica nas próximas horas.
A situação obrigou a uma reunião de emergência que juntou o Ministro da Administração Interna, o presidente da Proteção Civil, Arlindo Lima, e os ministros da Defesa, Saúde, Infraestruturas, Agricultura e Ambiente e Finanças para analisar a forma de atuação das autoridades em caso de se verificar uma erupção vulcânica na Brava.
Paulo Rocha e Arlindo Lima recomendaram calma à população, especialmente à da ilha Brava, e pediram colaboração com a Câmara Municipal da ilha e com os serviços da Proteção Civil que irão manter a população informada sobre o evoluir da situação. Como medida de precaução, os cerca de 300 habitantes de Cova Joana e Benfica foram evacuados para casas de familiares.
Questionado sobre se há meios suficientes para fazer face a esta possível erupção o Ministro da Administração Interna reconheceu que “os meios nunca são suficientes. O governo está a tomar medidas no sentido de ter todos os meios possíveis na Brava, e na ilha do Fogo também, para podermos acudir caso venha a ser necessário”.
Apesar de na ilha Brava não se ter registado qualquer erupção vulcânica histórica (desde início do século XVI, data do seu povoamento), é possível identificar a existência de produtos vulcânicos recentes, possivelmente holocénicos, bem como de alguns cones de escória posteriores, indicando que alguns dos sistemas vulcânicos presentes se encontram ainda ativos. Este aspeto, aliado ao facto de alguns destes depósitos testemunharem a ocorrência de erupções explosivas (plinianas), aponta para a existência de um perigo vulcânico significativo.
Entretanto, ontem à noite, o governo cabo-verdeano emitiu um comunicado a informar que "até as 17h00 a taxa sísmica na Brava mantinha-se inalterada, continuando-se a verificar eventos sísmicos cuja magnitude tendia a diminuir". No entanto, a partir do final da tarde "nenhum evento sísmico foi registado sugerindo, por conseguinte, estagnação da intrusão do magma".
O acalmar da atividade sísmica não quer, no entanto, dizer que o perigo tenha passado. O Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica alerta, no comunicado emitido pelo governo, "que não se pode afastar a possibilidade de haver outra injeção de magma nas próximas horas ou dias. A atividade sísmica tende a caminhar para a normalização da situação, devendo, entretanto, a população manter alerta e cooperante com as autoridades locais."
Uma equipa da Universidade Pública de Cabo Verde (Uni-CV), que acompanhou a erupção vulcânica no Fogo e que inclui os colaboradores do CVARG Vera Alfama e Jeremias Cabral, desloca-se esta quarta-feira à ilha para monitorizar de perto a atividade sísmica.