A análise da evolução morfoestrutural do Vulcão das Sete Cidades, na ilha de S.Miguel (Açores), conduziu à concepção de um novo modelo para a génese e a evolução da imponente caldeira que se desenvolve no topo deste aparelho poligenético. Com base em argumentos morfológicos, estruturais, geocronológicos e vulcanológicos rejeitam-se as hipóteses que justificam tal estrutura a partir de um processo de subsidência incremental ou em resultado de um único evento instantâneo, demonstrando-se a ocorrência de pelo menos três importantes episódios de colapso que envolveram a produção de escoadas piroclásticas, surges e piroclastos de queda, incluindo lag breccias.
No modelo proposto considera-se que o abatimento do cone central, cuja altura máxima não deverá ter ultrapassado os 1200 metros, teve lugar há cerca de 36000 anos na sequência da erupção paroxismal que deu origem à Formação do Risco. A segunda fase de colapso, datada de há 29000 anos, é relacionada com a Formação da Bretanha, admitindo-se que esta terá proporcionado o desenvolvimento da depressão para NW. Finalmente, há aproximadamente 16000 anos, o violento fenómeno que gerou a Formação de Santa Bárbara poderá ter resultado no colapso caótico do sector N da caldeira, conferindo-lhe uma forma mais próxima da actual. A erosão, a actividade tectónica e os episódios vulcânicos intracaldeira são factores que, ao longo dos tempos, têm contribuído igualmente para a modelação da estrutura em causa.