Ao contrário da Terra, a Lua não tem vulcões activos. Os traços do passado vulcânico deste satélite natural datam de há mil milhões de anos. Os cientistas consideram isto surpreendente, visto dados sísmicos recentes sugerirem a existência de muito magma líquido no interior da Lua. Na tentativa de resolver este enigma, uma equipa dirigida por Mirjam van Kan Parker e Wim van Westrenen, da Universidade de Amesterdão, produziu cópias de amostras de rocha da Lua recolhidas nas Missões Apollo, da NASA, há 50 anos.
De acordo com os dados obtidos e publicados na edição de 19 de Fevereiro do Journal Nature Geoscience, os cientistas chegaram à conclusão que o magma líquido presente no interior da Lua é demasiado pesado para ser expelido à superfície. Esta elevada densidade deve-se à presença de titânio na sua composição. Os cientistas sabem que o magma rico em titânio é o resultado de rochas sólidas ricas em titânio que foram formadas perto da superfície e posteriormente derretidas. Perante os novos dados, os cientistas questionaram-se de que forma estas rochas conseguiram chegar ao manto, e colocam agora a hipótese de grandes movimentos verticais terem ocorrido no início da formação da Lua, durante os quais as rochas ricas em titânio desceram de uma zona perto da superfície até à fronteira do núcleo com o manto.
Wim van Westrenen, investigador principal do estudo explica que: "depois de descerem, o magma formou-se a partir destas rochas perto da superfície, muito ricas em titânio, e acumulou-se no fundo do manto – um pouco como um vulcão de cabeça para baixo". O investigador explica ainda que: "actualmente, a Lua ainda está a arrefecer, assim como o magma derretido no seu interior. Num futuro distante, o magma derretido arrefecido e solidificado vai mudar de composição, tornando-se provavelmente menos denso do que as suas extremidades. O magma mais leve pode fazer novamente o seu caminho até à superfície formando um vulcão activo na Lua". No entanto, "esta é apenas uma hipótese para estimular mais experiências", conclui.