No passado dia 4 de dezembro, o vulcão Semeru, localizado na Indonésia, entrou em erupção, produzindo escoadas piroclásticas que provocaram, até ao momento, 39 mortos e danificaram milhares de edifícios. De acordo com a Agência de Busca e Resgate da Indonésia, 12 pessoas continuam desaparecidas e cerca de 4 000 habitantes foram retirados das suas aldeias, uma vez que estas se encontram cobertas por uma significativa quantidade de cinzas. As escoadas piroclásticas podem atingir velocidades entre os 10 km/h e os 100 km/h, e temperaturas entre os 800º c e os 1000 ºc.
Segundo Eko Budi Lelono, chefe dos Serviços Geológicos da Indonésia, a forte precipitação que ocorreu nos dias que antecederam a erupção erodiu o domo lávico, que exercia um efeito tampão do vulcão Semeru, provocando o colapso do mesmo e consequentemente dando início à erupção.
Este tipo de erupções são cada vez mais frequentes, levantando-se várias questões em torno das alterações climáticas e do aquecimento global.
De acordo com a vulcanóloga da Universidade de Monash (Austrália), Heather Handley, é cada vez mais difícil prever erupções desencadeadas por episódios de precipitação extrema, apontando um artigo publicado na revista Nature, que sugere que a erupção do vulcão Kilauea no Havai, se deveu a um episódio semelhante ao da erupção do Semeru. Este artigo refere que a erupção do Kilauea está relacionada com registo de episódios de forte precipitação que faz com que haja um aumento significativo da quantidade de água subterrânea e, consequentemente, faz com que a pressão subterrânea aumente significativamente. Este aumento da pressão subterrânea faz com que as rochas do sistema vulcânico fissurem e rachem, fazendo com que o magma chegue mais facilmente à superfície.